Estava a pensar escrever algo no pechanense só depois do Natal... mas dois acontecimentos fizeram-me antecipar o meu regresso. Hoje conto-vos um deles. O outro fica para outra altura. Então é assim:
Eram 13.38 horas do dia 19 de Dezembro (ontem) quando o meu telemóvel tocou. Atendi e do outro lado oiço uma voz feminina: "Boa tarde. Estou a falar do programa as tardes da Júlia e nós gostaríamos de saber se está interessado em participar num programa... li no seu blog que é pai de um adolescente. O programa será no dia 26 de Dezembro e vamos abordar o tema da adolescência, aquilo que eles pedem e o que os pais compram para lhes dar... jogos electrónicos, motas... (um leve riso)... o senhor escreveu no seu blog que faz tudo pelo seu filho..."
Imediatamente a minha cabeça começou a trabalhar para tentar perceber o que estava ali a acontecer. "Programa Tardes da Júlia!?" Estaria alguém a brincar comigo... se alguém quisesse fazer uma brincadeira destas provavelmente esconderia o número do seu telemóvel, o que não era o caso... e este riso não era o da Dona Júlia... o dela é inconfundível... mas também para fazer um telefonema destes seria outra pessoa que não ela... ela disse que eu escrevi que "faço tudo pelo meu filho!?" Naquele momento não me lembrei quando é que tinha escrito tal coisa... só me conseguia lembrar que o meu filho mais novo fazia anos precisamente neste dia e eu estava num Centro Comercial em Faro a gastar um pipa de massa em hamburgueres, colas, gelados, patinagem sobre gelo, cinema, pipocas... com o meu filho aniversariante, com o irmão mais velho e com os primos... uma quantidade suficiente de adolescentes para me levarem à falência! Portanto, era bem possível que eu tivesse escrito alguma coisa do género!
Enquanto ainda tentava perceber o que estava ali a acontecer, a voz do outro lado continuou. "...para lhe dar uma consola Wii! Não está o senhor disposto, já que diz fazer sacrifícios pelo seu filho adolescente, a fazer este sacrifício e vir ao nosso programa?" De repente fez-se luz na minha cabeça... "Ah, sim!
Já sei do que está a falar!" disse eu e continuei, "acho que não vai ser possível nessa altura, lamento!" Ao que do outro lado a voz me respondeu, "Paciência! Ficará para uma outra oportunidade."
Quando cheguei perto da menina dos meus olhos, disse-lhe o que tinha acontecido. "Tardes da Júlia!? É algum programa que dá à tarde... podias arranjar maneira de ires com o teu filho", disse ela. Entretanto, aproximando-se o filho mais velho e ouvindo a mãe, exclamou muito depressa, com uma cara espantada e ao mesmo tempo horrorizada: "MÃE... NÃO! Tardes da Júlia!? Mas é que não mesmo." Quando o filho aniversariante se aproximou com os primos e ficaram a saber do sucedido e da insistência da menina dos meus olhos para ir ao programa, estes tiveram a mesma atitude... "Tardes da Júlia... mas é que não mesmo!". Rindo-se, o meu filho mais novo virou-se para os primos, mas para a mãe ouvir, disse: "Na minha turma, um colega que é de Olhão já foi duas vezes a esse programa... agora na escola ele é conhecido como sendo o "Tardes da Júlia". Na semana passada faltou e os meus colegas começaram logo a dizer que ele tinha faltado para ir ao "Tardes da Júlia"... Começaram-se todos a rir e, claro, como a imaginação adolescente ainda é mais fértil do que a minha, a brincadeira durou até ao fim do dia... estou certo que continuará na ceia de Natal, quando todos se juntarem novamente!
Conclusão:
1º - Não é desta que vou ao programa "As Tardes da Júlia". Mesmo que pudesse, os adolescentes cá de casa, não só se recusam a ser conhecidos como os "Tardes da Júlia", como também não querem ser conhecidos pelos filhos do "Tardes da Júlia". Entretanto a mãe deles continua a achar que deveríamos ir ao programa...
2º - Muitos parabéns ao meu filho mais novo que fez 12 anos.