Pechanense

 Num destes dias saimos da nossa aldeia e decidimos ir até Olhão, à Gelvi. Sentámo-nos à mesa e os nossos moços comeram um cone cada um. Eu e a menina dos meus olhos apenas ficámos sentados a conversar.

O azul do céu já se tinha escondido e, próprio desta terra banhada pela Ria Formosa, pareceu-me ver, na mesa ao nosso lado, uma melga que zumbia ao ouvido de alguém...

[Sabiam que a melga (designação de carácter popular ou regional dado às fêmeas dos mosquitos), é um insecto Jurássico? Foi AQUI que, além de ler da sua existência pré-histórica, também fiquei a saber que "Em geral, apresentam dimorfismo sexual acentuado: os machos apresentam antenas plumosas (como pequenas árvores de natal), e as fêmeas apresentam antenas pilosas e são muito mais corpulentas". Se desejares conhecer melhor os mosquitos/melgas, vai ver este catálogo.]

A certa altura vejo um moce, que vinha todo sorridente, a aproximar-se da mesa ao nosso lado (onde me pareceu ver a tal melga). Nessa mesa estavam outros dois moces e, assim que o viram a aproximar, um deles disse para não se sentar, levantando-se imediatamente. Ouço então outro a dizer (não sei precisar qual porque, como já disse, o azul do céu escondera-se na ausência da luz solar): "Coitado do moce. Não o deixas sentar-se... ele queria comer um corneto"... e sairam dali, contornando o edifício do mercado...

Um corneto!? Para que saibam, os cornetos pertencem a outra marca, embora mais conhecida, muito inferior aos gelados da Gelvi. Nesta marca são "Gelcone".